Existem diversos fatores associados a uma boa eficiência e rentabilidade na criação de gado de corte, mas na fase de cria um dos pontos mais importantes é a eficiência reprodutiva, ou seja, a eficiência na produção de bezerros.

A estação de monta (EM) é a estratégia de manejo reprodutiva mais conhecida, que concentra os partos e facilita os manejos no período mais adequado no ano, no fim da seca e início das águas, beneficiando as matrizes e os bezerros recém-nascidos. Para garantir a permanência das vacas de cria no rebanho em produção, o ideal é que elas emprenhem no início ou até o meio da estação de monta, e esse momento tem consequências não apenas para elas em termos de eficiência produtiva e reprodutiva, mas também quanto às suas crias. O objetivo principal do aperfeiçoamento da produtividade do rebanho de cria deve ser a obtenção de elevados índices de concepção (>70%) no primeiro mês da EM e 90% nos dois primeiros meses.


As matrizes que emprenham no início da estação reprodutiva, em geral início do período das águas (novembro ou dezembro), vão parir consequentemente mais cedo (setembro e meados de outubro) e esses bezerros são conhecidos como “bezerros do cedo”.

Esse período de nascimentos é considerado melhor, em termos de desafio ambiental, pois são menos úmidos, logo, há uma menor incidência de ecto e endoparasitas, resultado em menor mortalidade. Como consequência desse mês de nascimento, em geral os bezerros serão desmamados mais pesados, fator indireto da disponibilidade de forragem e produção de leite das vacas.


A estratégia do “bezerro do cedo” não compreende vantagens apenas para a cria já que as vacas que emprenharam no início da estação de monta vão parir mais cedo e terão um tempo maior para recuperação após o parto. Sendo assim, há uma maior garantia de retorno da atividade cíclica e – consequentemente – essas vacas podem ter maior taxa de prenhez na estação subsequente. Além disso, a chance de descarte por ineficiência reprodutiva diminui nesses rebanhos, fato que acontece com aquelas que não tiveram tempo para se recuperar após o parto em conjunto com o balanço energético negativo intenso.


Não se pode discutir sobre bezerro do cedo sem antes entender os principais pontos para o sucesso desse modelo. A boa execução se inicia primeiramente, na escolha da matriz, uma vez que a seleção é fundamental para a produção de animais com características desejáveis, que resultem em carcaças de qualidade, rentabilidade e eficiência na produção.


A fêmea deve apresentar também escore de condição corporal adequado para que possa ocorrer a inseminação ou a monta no início da estação. Isso é necessário para manutenção da gestação, bom desenvolvimento fetal e para que a vaca tenha condições de passar pelo balanço energético negativo de forma menos intensa, com produção de leite adequada e retorno mais rápido da atividade cíclica posterior ao parto.


Considerando uma boa seleção das matrizes é fundamental o planejamento adequado da estação de monta e consequentemente a estação de nascimentos. Para isso, atualmente o uso de biotecnologias na reprodução animal, como inseminação artificial em tempo fixo (IATF), podem colaborar com a redução no período de anestro pós-parto e retorno mais rápido da ciclicidade, possibilitando manter o sistema de criação de bezerros do cedo.

Em 2022, 23,5% das fêmeas disponíveis para reprodução na pecuária de corte foram inseminadas, enquanto que em 2019 esse valor era de 16%, de acordo com a Associação Brasileira de Inseminação Artificial (ASBIA). Estes dados demonstram a crescente utilização e benefícios que o uso de biotecnologias podem proporcionar, em especial pela sincronização de um número grande de vacas no início da estação de monta, ou inseminação de uma grande quantidade de animais por dia, formação de lotes homogêneos e menor intervalo entre partos.

Como visto acima, a produção do “bezerro do cedo” tem vantagens excelentes para sistemas de cria que perduram para as outras fases que virão com a antecipação dos nascimentos desses animais e, assim, a eficiência aumenta para todos os ciclos posteriores. Mas você entende o porquê?

Animais que nascem mais cedo normalmente são os mais pesados ao desmame e – por consequência – mantidas as condições nutricionais adequadas, eles apresentarão menor idade à puberdade e ao abate, sendo uma ótima oportunidade para um giro mais rápido dentro da propriedade. Provavelmente, chegarão à terminação em menor tempo. Em suma, a estratégia é uma ótima oportunidade para os pecuaristas que priorizam um giro de animais mais rápido dentro das suas propriedades.

Autores do artigo:

Professores Cláudia Sampaio e Sidnei Lopes DZO/UFV
Graduandos em zootecnia DZO/UFV: Amanda Moreira, Fabio Ferreira, Lara Moura e Vitor Lage

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