Escrito pela Professora Cláudia Sampaio
Bovinocultura de Corte, Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa

A fase de cria nunca esteve tão em alta. Bezerros valorizados no mercado, coleta e venda de sêmen aquecida, investimento no manejo das pastagens e em programas nutricionais estratégicos, além do uso de biotecnologias e serviços voltados para a reprodução também em crescimento. 

Os resultados da estação de monta atual (2021/2022) só serão contabilizados em 2 ou 3 anos já que o manejo realizado na  estação gera resultados de médio prazo e não imediato, portanto, são decisões importantes e estratégicas que impactam diretamente no futuro. 

Ganhos com a estação

Atualmente, o uso da estação de monta mais curta em conjunto com ferramentas como a inseminação artificial em tempo fixo (IATF), têm proporcionado excelentes resultados. Primeiramente quanto ao número de vacas prenhes, bezerros nascidos em épocas melhores com menor desafio ambiental, fêmeas que entram na reposição aptas à reprodução mais cedo e avanço genético de baixo custo para todos os sistemas de produção. 

O ganho em melhoramento genético para rebanhos grandes ou pequenos com uso da estação de monta pode ser comprovado pelo aumento em coleta e venda de sêmen de touros para características específicas como precocidade sexual, características de melhoria em carcaça, habilidade materna e uso de animais de raças taurinas para produção de F1.

Estação de monta programada 

Além do planejamento produtivo, pontos como a verificação de estruturas físicas mínimas e sanidade do rebanho são essenciais para a execução do manejo, permitindo que correções possam ser feitas a tempo. 

Somado a isso, a estação de monta programada permite que planos nutricionais específicos sejam realizados visando  melhoria de escore de condição corporal das fêmeas em geral após um período de seca severa, em especial as primíparas que possuem exigências nutricionais também para crescimento. Esse ponto é primordial para o sucesso da mesma, visto que a nutrição interage diretamente com a reprodução.

Com períodos definidos na linha do tempo da bovinocultura de corte, estratégias nutricionais podem ser realizadas antes do parto focando no retorno da atividade cíclica e animais prontos para a estação de monta subsequente pois é importante que a fêmea emprenhe no início da estação e assim produzir o chamado “bezerro do cedo”, aquele que nasce no início da estação de nascimentos e tende a ser desmamado mais pesado. 

Em conjunto com essas estratégias os protocolos hormonais podem auxiliar no retorno à atividade cíclica e deve ser observado e realizado em conjunto com alternativas de manejo nutricional a fim de potencializar os resultados. Ou seja, considerando anos de seca intensa como foi 2021, que resultam em animais com ECC reduzido, as fêmeas do rebanho precisam ainda mais da estação de monta e suas ferramentas tecnológicas para obtenção do sucesso.

Mas ainda assim, a pergunta que não quer calar é: fazer ou não estação de monta?

Essa pergunta ainda existe porque o preço do bezerro se mantém elevado em todos os meses do ano. Porém, os argumentos para realização do manejo são relevantes e valem a execução, principalmente quando se pondera a questão citada no início, de que os manejos realizados para fase de cria focam no médio a longo prazo e não no retorno imediato.

Portanto, pensando no futuro, as escolhas de hoje são essenciais para a obtenção de sucesso e bons índices. Animais abatidos que geram carne de qualidade superior, fêmeas precoces para reposição e melhoria em índices zootécnicos e reprodutivos acontecem com uma estação de monta bem planejada e executada agora!

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