A Economia 4.0 tem promovido mudanças profundas nos modelos de negócio, onde a eficiência na gestão é palavra-chave para promover a lucratividade em qualquer setor do agronegócio. E na pecuária de corte, não poderia ser diferente.

A gestão eficiente começa pelo registro de dados a campo, com posterior lançamento dessas informações em uma base de dados confiável para então realizar a análise das informações. A interpretação dos números da fazenda é de extrema importância para o sucesso da cadeia de produção de carne bovina, sendo essenciais para auxiliar o pecuarista a planejar as rotinas de trabalho e definir quais serão as metas a serem alcançadas no sistema de produção.

Durante o lançamento do aplicativo Bovitech Salga, Lygia Pimentel, CEO da Agriffato e colunista da Forbes, falou sobre “Como a pecuária se tornou mais desafiadora” e os principais indicadores-chave para uma gestão eficiente. 

Segundo ela, a pecuária é muito carente de insights de gestão, de definições claras de objetivos a serem alcançados. Para Lygia, é preciso ter disciplina: “É preciso acordar um dia e falar: hoje eu vou fazer diferente, hoje eu vou começar a levantar um indicador que eu ainda não sei o que ele me traz de número, o que é melhor para minha fazenda. A gente precisa mudar a disciplina, eu preciso acordar, entrar no escritório e começar a conhecer os meus números por dentro, a minha fazenda por dentro, através dos números.

Imagem com foto de Lygia Pimentel, CEO Agrifatto e colunista da Forbes Brasil, com a frase "Precisamos cada vez mais tratar fazendas como empresas."

Mas você sabe quais são os principais indicadores-chave da pecuária de corte? Na avaliação de Lygia Pimentel, existem quatro indicadores-chave que podem auxiliar o pecuarista na gestão da sua fazenda.

Imagem com textos, com os seguintes escritos: "Problema é diferente de solução: conheça os índices que mais interferem no resultado operacional do seu negócio: Desembolso (R$/cabeça); Ganho Médio Diário (KG/Dia); Valor de venda (R$/@) e Lotação (Unidade animal por hectare)."

Os quatro indicadores

1. Desembolso por cabeça por mês

Esse índice mede quanto a fazenda desembolsa por cabeça por mês, dividido pelo rebanho e dividido por 12 meses.

Fórmula para desembolso por cabeça por mês: desembolso total do mês dividido pelo número de cabeças (o rebanho médio no mês).
2. Ganho Médio Diário (GMD)

Esse indicador nos diz o quanto de peso em Kg que o animal ganha por dia, trazendo a oportunidade de monitorar o desempenho dos animais.

Fórmula do Ganho Médio Diário (GMD): peso da última pesagem - peso inicial, e o resultado dividido pelo número de dias do animal na fazenda.

Exemplo: 10 novilhas chegaram na fazenda pesando em média 200 kg e após 100 dias ao ser realizada a pesagem elas estavam pesando em média 285 kg. Qual o GMD desse animal?

Resultado do exemplo, que é feito pela fórmula citada acima, dando 0,850 kg/dia.
3. Valor de venda

Esse número indica quanto foi vendida a arroba. Para garantir uma margem de lucro positiva, é necessário realizar um bom planejamento e controle dos custos de produção, para  produzir a @ por um custo inferior ao preço de venda.

4. Taxa de lotação

A taxa de lotação é definida pelo número de animais – ou unidades animais (sendo 1 UA = 450 kg de peso vivo) dividido pela área pastejada.

Para calcular a taxa de lotação em UA/ha, que é uma das formas mais comuns, é necessário o peso dos animais. Vamos às fórmulas e, a seguir, a um exemplo:

Texto presente na imagem: Converter o peso dos animais em KG para Unidade animal (UA): a fórmula é o peso médio dos animais vezes o número de animais e este resultado dividido por 450."
Texto presente na imagem: Calcular a taxa de lotação em UA/Hectares, com a fórmula do total de UA dividido pela área de pastagem da fazenda em hectares."

Exemplo: Se tivermos uma área com 150 hectares e 900 cabeças pesando 300kg, qual será minha taxa de lotação?


A taxa de lotação deve estar de acordo com o potencial de rendimento da espécie forrageira, levando em consideração a capacidade de suporte da pastagem, que pode variar ao longo do ano, devido às variações climáticas como chuvas, temperatura, horas de luz, tipo de solo, cultivar utilizada, nível de adubação e manejo da pastagem.

Cabe destacar que existem vários indicadores da pecuária de corte que não foram citados nesse artigo e que também são de extrema relevância, e demonstram como está o desempenho da propriedade. 
Sabemos que gerenciar os dados de uma fazenda pode parecer complexo, mas pode se tornar simples, utilizando ferramentas que ajudam a construir e gerenciar esses indicadores. 
Cada propriedade possui suas particularidades e desafios. Para que a atividade se desenvolva da melhor forma, o pecuarista precisa estabelecer metas com prazos realistas e baseadas em dados e informações da sua fazenda, cujo objetivo central seja a busca pela melhoria constante dos resultados.

O papel do gestor

Conforme abordado, é fundamental que se realize uma gestão eficiente para impulsionar a rentabilidade do negócio, baseando as tomadas de decisões em fontes de dados, identificando os gargalos do processo e definindo os critérios a serem melhorados, para alcançar eficiência produtiva e econômica na pecuária de corte. Assista a um trecho da palestra de Lygia Pimentel e conheça outras dicas para tornar a sua fazenda um negócio lucrativo.

Para acompanhar a live na íntegra e assistir a outras palestras como do Miguel Cavalcanti, Lygia Pimentel e Vilson Simon, acesse a página do evento:

Autor(a):
Ana Paula Caríssimo
Zootecnista
, Pós-doutora em Produção Animal, Comunicação Técnica Ideagri/Bovitech

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